sexta-feira, 11 de junho de 2010

Literalmente.

“Você está sozinho. Você e a torcida do Flamengo. Em frente a tv, devora dois pacotes de Doritos enquanto espera o telefone tocar. Bem que podia ser hoje, bem que podia ser agora, um amor novinho em folha. Trimmm! É sua mãe, quem mais poderia ser? Amor nenhum faz chamadas por telepatia. Amor não atende com hora marcada. Ele pode chegar antes do esperado e encontrar você numa fase galinha, sem disposição para relacionamentos sérios. Ele passa batido e você nem aí. Ou pode chegar tarde demais e encontrar você desiludido da vida, desconfiado, cheio de olheiras. O amor dá meia-volta, volver. Por que o amor nunca chega na hora certa? Agora, por exemplo, que você está de banho tomado e camisa jeans. Agora que você está empregado, lavou o carro e está com grana para um cinema. Agora que você pintou o apartamento, ganhou um porta-retrato e começou a gostar de jazz. Agora que você está com o coração às moscas e morrendo de frio. O amor aparece quando menos se espera e de onde menos se imagina. Você passa uma festa inteira hipnotizado por alguém que nem lhe enxerga, e mal repara em outro alguém que só tem olhos pra você. Ou então fica arrasado porque não foi pra praia no final de semana. Toda a sua turma está lá, azarando-se uns aos outros. Sentindo-se um ET perdido na cidade grande, você busca refúgio numa locadora de vídeo, sem prever que ali mesmo, na locadora, irá encontrar a pessoa que dará sentido a sua vida. O amor é que nem tesourinha de unhas, nunca está onde a gente pensa. O jeito é direcionar o radar para norte, sul, leste e oeste. Seu amor pode estar no corredor de um supermercado, pode estar impaciente na fila de um banco, pode estar pechinchando numa livraria, pode estar cantarolando sozinho dentro de um carro. Pode estar aqui mesmo, no computador, dando o maior mole. O amor está em todos os lugares, você que não procura direito. A primeira lição está dada: o amor é onipresente. Agora a segunda: mas é imprevisível. Jamais espere ouvir “eu te amo” num jantar à luz de velas, no dia dos namorados. Ou receber flores logo após a primeira transa. O amor odeia clichês. Você vai ouvir “eu te amo” numa terça-feira, às quatro da tarde, depois de uma discussão, e as flores vão chegar no dia que você tirar carteira de motorista, depois de aprovado no teste de baliza. Idealizar é sofrer. Amar é surpreender.”

Metades?

Hoje acordei inteira, migalhas? Pedaços? Não obrigada. Não gosto de nada que seja metade. Não gosto de meio termo. Gosto dos extremos. Gosto do frio. Gosto do quente. Gosto dos dedinhos dos pés congelados ou do calor que me faz suar o cabelo. Não gosto do morno. Não gosto de temperatura-ambiente. Na verdade eu quero tudo. Ou quero nada. Por favor, nada de pouco quando o mundo é meu. Não sei sentir em doses homeopáticas. Sempre fui das que vão embora sem olhar pra trás. Sempre dei a cara à tapa. Sempre preferi o certo ao duvidoso. Quero que se alguém estiver comigo, que esteja. Mesmo que seja só naquele momento. Mesmo que mude de idéia no dia seguinte.[...]
"... Talvez enlouquecessem de amor e mudassem um para a cidade do outro, ou viajassem junto para Paris, talvez um se matasse, o outro negativasse. Seqüestrados por um OVNI, mortos por bala perdida, quem sabe. Talvez tudo, talvez nada."
Eu vejo que essas coisas são mesmo um teste de resistencia. Parece que as lindas pessoinhas instem em por pedras por onde você está passando. E, às vezes, dá aquela sensação de que cada átomo no mundo está contra você (o que é injusto eu pensar assim, afinal, eu tenho saúde, não estou com câncer, pneumonia, doença autoimune. Os átomos do meu corpo não estão contra mim. ah, que seja...) A verdade é que isso vai desgastando. E quando você pensa que é o fim do poço, descobre que o poço é bem mais fundo. Ai, vem aquela sensação de " Ei, quando isso vai acabar?!" Tenta se cofnortar com outras coisas, filmes, palavras, desenhos, fotografias, música. Sente falta da época em que tudo se resumia ao novo brinquedo que você queria ter e não teve. Sente saudades daqueles "grandes" problemas da infãncia. Mas, se você olhar pras grandes pessoas (não necessariamente grandes financeiramente - digo as que são felizes e teem grandes lições de vida) e perguntar a história de vida delas, verá que elas chegaram no fundo do poço também. Que foi, exatamente por eles encontrarem zilhões de dificuldades, que eles são grandes hoje. Ora, ora! Eu serei grande se passar por cima de tudo isso?! Eu não sei. O que eu sei é que eu quero ser uma velhinha com muita sabedoria. Quero manter a humildade, a razão e dizer que conheço bem o fundo e o topo do poço. Ajudar a quem quer saber, poder contar tudo o que eu vivi para conquistar todas as coisas que eu possuir. Desculpa, mas eu quero mesmo é ser admirada. Pela coragem, esforço, conhecimento. É, é. Mas antes eu preciso sair desse pocinho e me livrar desses seres que instem, insitem mesmo em piorar tudo.