
Minha meiguice, meu excesso de emoção e coração estão necessitados de algo fervente, com cheiro de alecrim, gosto de Almadôvar e aquele toque de cetim. Rosas vermelhas, velas vermelhas, incensos intensos com descrição atrás assim: “atrai paixão”. Esse é o que largarei aos quatro ventos e quem quiser o mesmo, vá atrás. Eu não sou água parada, preciso renovar, seguir e chegar ao mar. Com um, dois, três ou dez olhares distantes-presentes, preciso de um pouco mais de tudo e menos apego ao que não me tira o sono. Insone, fora de mim, precisando me sentir a flor-da-pele.
Eu encontro os perfumes nas ruas por onde ando, sempre tive essa tara pelo desconhecido e por esse perfume misturado de tudo o que passa por mim. Sem cantadas baratas, sem beijinhos de nada, o que quero é algo que toque, arrepie e se perca do tempo. Quero algo que me tire os pés do chão, que me arranque os pedaços e me cause frios internos. Meus momentos de calmaria estão esgotados, sem ingressos à venda. Perdeu, achou o caminho e chegou o tsunami, quero estragos e mordiscos. Algo suave e dolorido. O que eu quero nem mesmo eu sei, só sei que o rio tem que andar e o vento o trará redemoinhos.
Enquanto isso, um sonho, um livro, o sol e os carros andando tão de pressa que nem os vejo, nem sei quem passa por mim. É assim, o vento vai e vem, as horas vão passando e vontade aumentando. Seguirei em busca da ventania.