terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

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.se estou rodeado de silêncio, eu sou eu. e isso me basta.minha vida se dispersa continuamente. como um rio que sai do leito e transborda sobre a terra. então, tenho de abandonar muitas coisas e pensar no que é útil e bom. só assim controlo as águas e as faço voltar ao seu leito. é como um pêndulo. foi sempre assim. já me acostumei a viver com essas inundações que arrasam tudo, e depois a calma, o controle, a solidão, o silêncio. é como uma longa aprendizagem. infinita. desconfio que nunca se concluirá.

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é difícil me iludir, porque não costumo esperar muito de ninguém. odeio dois beijinhos, aperto de mão, tumulto, calor, gente burra e quem não sabe mentir direito. não puxo saco de ninguém, detesto que puxem meu saco também. não faço amizades por conveniência, não sei rir se não estou achando graça, não atendo o telefone se não estou com vontade de conversar.

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eu sou sim a pessoa que some, que surta, que vai embora, que aparece do nada, que fica porque quer, que odeia a falta de oxigênio das obrigações, que encurta uma conversa besta, que estende um bom drama, que diz o que ninguém espera e salva uma noite, que estraga uma semana só pelo prazer de ser má e tirar as correntes da cobrança do meu peito. que acha todo mundo meio feio, meio bobo, meio burro, meio perdido, meio sem alma, meio de plástico, meia bomba. e espera impaciente ser salva por uma metade meio interessante que me tire finalmente essa sensação de perna manca quando ando sozinha por aí, maldizendo a tudo e a todos. eu só queria ser legal, ser boa, ser leve. mas dá realmente pra ser assim?

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